sexta-feira, 16 de julho de 2010

Muitos chamados e poucos escolhidos


Vivemos tempos difíceis. Onde o amor está esfriando. Não falo do amor que há no mundo, pois este sempre foi o que é. Sim, para o mundo o amor é uma questão de conveniência, de reciprocidade: amo aos que me amam, ou os que de alguma maneira me fazem “sentir bem”. E isto não é critica a nenhuma religião, foi a sociedade dita cristã: católica, protestante e ortodoxa que impuseram ao mundo duas grandes guerras e o risco de uma ecatombe nuclear.

O cristianismo não veio para reformar a sociedade, veio para reformar homens. Homens que se dispõe a negar a si mesmo e, tomando sua cruz, seguir os passos de Jesus. Não adianta ir à igreja, ler a Bíblia, orar, jejuar, se em seu íntimo não há este toque do Espírito que o leva a ser melhor ser humano, a andar sabendo de sua finitude e de suas vilanias e estar disposto a, ao negar-se como algoz de si mesmo, passar a andar segundo o jugo de Cristo que é suave. Fora disso não há cristianismo.

São poucos os que entendem a mensagem da cruz. E são muitos os que se auto denominam cristãos. Daí a dicotomia da igreja que prega o amor e a paz e ao mesmo tempo produz guerras, exclusões e fogueiras. Para estes que entendem cristianismo não como transformação, mas como adesão a uma estrutura religiosa com regras, leis, imposições, hierarquias, brigas pelo poder, o cristianismo nada mais é que uma extensão da própria sociedade e, como tal, sujeito aos mesmos valores. Às vezes, consideram que as organizações cristãs seriam superiores ao restante da sociedade e que deveriam ditar as regras de comportamento de todos os demais, forçando uma adesão de fora para dentro. Isto também não é cristianismo.

“Muitos chamados e poucos escolhidos” é a tônica da história cristã. A mensagem de Jesus é bela e intelectualmente não há como refutá-la. A adesão intelectual é relativamente simples de se obter. Mas a vida em arrependimento, a mudança de mente, o deixar-se transformar pela Palavra, o abandono das vaidades da justiça própria, o viver em constante estado de perdoar e pedir perdão. Reconhecer-se como devedor e nunca como credor. Isto é para poucos.

Assim caminha o cristianismo: numericamente a maior religião do mundo, qualitativamente uma fé de poucos que ousam - às vezes timidamente, outras carregando traumas, vícios e pecados - mas ousam, se deixar transformar para serem alguém melhor.

O nosso trabalho aqui no Fruto do Espírito, é despertar esta chama no coração destes poucos escolhidos, é levá-los a crer que ser especial para Deus não está na quantidade das obras, ou do comportamento ético que produzem, mas na coragem de se deixar transformar, de se deixar moldar, de se deixar envolver por Ele, para sermos não apenas pessoas abençoadas, mas sermos acima de tudo, bênçãos na vida dos que nos cercam.

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